Imagine um dia daqueles em que tudo dá errado. É segunda-feira, caindo uma chuvinha fina. Como você não acha sua chave do carro, é obrigado a ir de ônibus, e é claro que, para não romper tradições petropolitanas, o veículo quebra no meio do caminho, o que garante uma saudável caminhada até seu local de trabalho. Só pára completar, passa um carro na única poça d’água da rua, coincidentemente localizada ao seu lado (como se o motorista estivesse mirando especialmente na sua direção) e você ganha um banho totalmente grátis e prático. Depois dessa série de desgraças, qual seria sua reação ao primeiro bom-dia que recebesse?
Se você pensou logo em berrar até cuspir seu pulmão, é normal. Esse é o problema, normal até demais. Pare para pensar: a não ser que a pessoa que lhe deu bom-dia seja quem escondeu sua chave do carro, o responsável pela compra de novos ônibus para circular pela cidade, ou o motorista que passou na poça, que culpa a pobre criatura tem nessa manhã bizarra? Você pode maldizer o motorista do ônibus quebrado, gritar, esmurrar o chão, até xingar as lhamas azuis antropofágicas da Lapônia Oriental, mas nada disso fará suas roupas secarem, nem melhorará sua situação.
Esse tipo de atitude só leva a duas coisas: demonstração de descontrole emocional e repulsão de todos a sua volta. Afinal, ninguém suporta mau-humor, sendo justificado ou não. Então, tente da próxima vez, ao invés de descarregar sua ira com xingamentos e comportamento agressivo, fazer uma graça sobre sua situação, algo do tipo “a lavanderia estava lotada, resolvi lavar a roupa na rua mesmo”. A princípio pode parecer que seria melhor (e mais divertido) gritar, mas os benefícios da criação de um clima positivo são incontáveis.
O bom-humor é o melhor marketing pessoal que há. E não somente por ser essa uma característica que facilita as relações interpessoais, mas também porque alguém bem-humorado apresenta várias virtudes, como controle emocional, autoconfiança, otimismo, desenvoltura e até inteligência. Sim, inteligência, pois é incrível o quanto de raciocínio que uma simples piadinha demanda. Por exemplo: ao brincar que “tal carro é tão grande que seu proprietário não paga IPVA, paga IPTU”, é necessário ter conhecimento sobre os dois impostos, perceber a característica marcante do carro (no caso, o tamanho) e ser rápido o suficiente para associar todas as informações de modo a surpreender e provocar o riso. Por isso muitos consideram o humor uma arte.
Já que vivemos num tempo repleto de corporativismo, onde muito se fala sobre “ter um diferencial”, por que não dar mais importância a seu humor e usa-lo vantajosamente? Por mais que academicismo seja importante, mestrados e doutorados estão se tornando qualificações cada vez mais comuns; limitar suas qualificações a estes títulos é ilógico. Permita-se maior sociabilidade e bom-humor, tenha-os como seu diferencial. Além de tornar-se uma pessoa muito mais saudável e interessante, verá muito mais portas se abrindo em sua vida.
Obs. As lhamas azuis antropofágicas da Lapônia Oriental foram usadas como recurso humorístico, uma vez que não há registros científicos de sua existência. Nenhuma lhama foi ferida ou prejudicada durante a produção deste artigo.
Pedro Foster
Um comentário:
é verdade....nada melhor do que vc estar sempre em alto astral !!!bjcas
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