quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ajude a fazer de seu colégio uma trincheira contra a violência

Bases Legais
Ciências Humanas e suas Tecnologias

Conteúdo
Ética e cidadania

Objetivos
Debater sobre a função da escola no combate à violência

Conteúdo relacionado

Reportagem da Veja:

Introdução
Há algo de novo na frente educacional: algumas escolas do país tornaram-se baluartes na guerra contra a violência. A boa notícia é fornecida pela reportagem de VEJA, que informa como muitas escolas, ao abrir nos fins de semana para os estudantes e a comunidade, estão contribuindo para reduzir os episódios de tráfico de drogas, agressões físicas e outras práticas inaceitáveis.

O seu colégio já se aproximou da comunidade e comprovou os benefícios dessa atitude educativa? Ou, ao contrário, ele insiste em se fechar como um casulo ou uma fortaleza sitiada? Seja como for, discuta em sala de aula essa iniciativa inovadora contra a violência escolar, com base nos dados da revista e de programas e projetos educacionais associados ao tema. E, paralelamente, mobilize a turma e a comunidade pela abertura ampla, geral e imediata dos portões escolares.

Lembre que o problema da violência na escola tem uma dinâmica própria, que não pode ser dissociada das condições do entorno da instituição – os municípios brasileiros, com todas as suas carências e desigualdades. Por exemplo, que equipamentos de lazer e de cultura eles oferecem à população jovem? A pesquisa Violência na Escola: América Latina e Caribe, realizada pela Unesco em 2001, fornece a resposta. Cerca de 19% dos municípios do país não têm biblioteca pública e em 83% deles não existe cinema. Esses dados bastam para mostrar como todos se beneficiam quando a escola abre suas portas para a comunidade e promove o uso compartilhado de equipamentos esportivos e culturais.

Atividades
Proponha que a turma discuta a seguinte definição da pesquisadora Marília Sposito: “Violência é todo ato que implica a ruptura de um nexo causal pelo uso da força. Nega-se, assim, a possibilidade de relação social que se instala pela comunicação, pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito”. Ou seja, um conflito conduzido dentro das regras do jogo, sem romper o diálogo, não causa ruptura.

Informe que, segundo o IBGE, a expectativa de vida no país poderia ser três anos maior se não fossem as mortes prematuras de jovens de 15 a 24 anos. Na opinião dos alunos, o que ocasiona essas mortes? Eles provavelmente responderão que o problema está associado à desigualdade social. É importante levá-los a perceber que a diminuição da violência na escola pode ajudar a minimizar esse drama.

A reportagem dá conta de que a abertura do espaço da escola para a comunidade vem contribuindo para reduzir drasticamente a violência nessas instituições. Isso acontece com todas as manifestações desses atos? Diga que a pesquisa da Unesco identifica várias modalidades dessas práticas: institucional, simbólica, verbal, psicossocial e física. Incentive os alunos a dar exemplos de cada tipo.
Ressalte que a violência psicossocial diz respeito a atitudes autoritárias que chegam a envolver o emprego da força, enquanto a institucional se manifesta em depredações e pichações das instalações escolares etc. Observe que algumas dessas manifestações tendem a ocorrer mais em escolas pobres da periferia, o que não significa que aquelas situadas em regiões mais ricas estejam livres do problema.

Peça que a classe anote as manifestações de violência na escola registradas no texto de VEJA. A pesquisa da Unesco menciona o uso de drogas, a violência sexual, o uso e o porte de armas e as ameaças verbais e físicas de professores a alunos e vice-versa. Parte dessas manifestações talvez esteja ocorrendo em seu colégio. A turma gostaria de falar a respeito? Além disso, sugira a discussão dos dados da tabela desta página (abaixo) sobre a proporção de alunos de 5ª a 8ª série e do Ensino Médio que já presenciaram o consumo de drogas dentro e perto de escolas nas capitais de certas unidades federativas do Brasil.

A reportagem apresenta formas assumidas pela inserção da comunidade no espaço escolar, tais como a realização de shows de axé e rap no pátio, a transformação da sala de aula em cinema e da cantina em oficina culinária e assim por diante. Estimule a classe a sugerir outras formas dessa interação de professores, funcionários, alunos e seus familiares. Por exemplo, talvez alguns pais de estudantes sejam músicos e ajudem a ensaiar a banda da escola. Que tal as mães divulgarem técnicas de artesanato? Os organizadores de festas típicas podem ensinar aos alunos ritmos, canções e danças populares tradicionais. E as pessoas idosas da comunidade têm a oportunidade de contar aos jovens como era a vida no local num passado não muito distante.

Explique que, além de contribuir para a redução dos atos violentos, essa interação tem grande alcance pedagógico, pois coloca os múltiplos saberes da coletividade a serviço da aprendizagem de crianças e adolescentes. Segundo VEJA, desde 2000, “oito Estados já aderiram ao programa da Unesco: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco foram os primeiros”. Proponha uma visita aos sites do Programa Escolas de Paz (Rio de Janeiro, 2000) e do Projeto Escola Aberta (Pernambuco, 2001), para acompanhar o desenvolvimento dessas iniciativas pioneiras. Os alunos devem destacar, num mural, os aspectos considerados mais interessantes.

Alunos dos ensinos Fundamental e Médio
que presenciaram o uso de drogas

CAPITAIS

PERTO DA ESCOLA (%)

DENTRO DA
ESCOLA (%)

Manaus

25,7

18,6

Recife

28,4

22,1

Salvador

29,7

25,5

Rio de Janeiro

25,8

18,6

São Paulo

41,1

24,7

Porto Alegre

45,6

29,1

Brasília

39,1

27,3

Fonte: Pesquisa Nacional Violência, AIDS e Drogas nas Escolas, UNESCO – 2001

Veja também:

Internet

Cidadania e Paz nas escolas http://www.ssp.se.gov.br
Programa Paz nas Escolas: www.mj.gov.br/sedh/paznasescolas/
Bibliografia
Violência na Escola: América Latina e Caribe
, Miriam Abramovay e outros, Unesco, tel. (61) 2106-3500

Consultoria Teresa Rego
Professora da Faculdade de Educação da USP

fonte: http://revistaescola.abril.com.br

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