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Famílias e escolas devem dialogar para ensinar as crianças a respeitar o diferente e exercitar a paz
Os pais têm entre os seus grandes desafios ensinar a criança a respeitar a diversidade para formar um cidadão preparado para o seu tempo, capaz de ter uma vida social saudável. Desde bem pequenas, as crianças precisam aprender a respeitar as diferenças e sentir que existe um espaço para a livre convivência entre todos. A educação, em casa e na escola, deve dar conta de colocá-las em contato com essa realidade.
Respeitando colegas gordinhos e magrelos, que gostam de correr e gritar ou que preferem ficar quietos, que gostam de jogar futebol ou preferem ler um livro, a criança desenvolve empatia, tolerância, solidariedade e a percepção ética que carregará pela vida toda, alimentando uma cultura de paz.
Vejo os casos de bullying pelo mundo afora e penso nos meus tempos de menina: uma verdadeira selvageria! Estudantes marcavam brigas na porta da escola e os bailinhos de garagem acabavam com os adolescentes embriagados de cuba-libre trocando socos e pontapés. Há 40 anos, os apelidos para desqualificar eram a coisa mais comum do mundo e ninguém parecia preocupado em mudar aquilo. Bastavam algumas sardas para virar o Ferrugem, um menino negro era chamado de Suco de Pneu e ninguém sabia o nome do amigo mudo, pois todos o conheciam como Mudinho.
Crianças e adolescentes repetiam com esses comportamentos a violência e os preconceitos que viam na família e em qualquer canto. Ninguém dava nome para a doença social e as cenas não iam parar na internet, mas o conflito estava lá, presente na infância e na adolescência. Não é isso o que queremos para os nossos filhos.
Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) Renato Antonio Alves, o bullying mostra que precisamos de uma cultura de paz. Vivemos a falência do mundo adulto no aspecto social e do desenvolvimento humano. “É uma questão de valor. Para mudar a criança, tem de mudar o adulto. Estamos distantes ainda, mas, mais próximos do que estávamos há 30 ou 40 anos”.
Para o pesquisador, apesar de todos os problemas, no passado, os papéis eram mais definidos. Os cuidados da mãe e a autoridade do pai eram percebidos e respeitados pelas crianças, embora, muitas vezes, por força do autoritarismo. Mas, bem ou mal, elas tinham parâmetros de conduta. Ao contrário do que acontece com frequência hoje em dia, os pais assumiam a responsabilidade pela educação.
Agora, na avaliação de Renato, as crianças “vivem uma solidão atroz”, quando os pais – uns porque precisam, outros porque querem – ficam ausentes de casa o dia inteiro até à noite, deixando os filhos por conta deles mesmos, do irmão mais velho ou de outras pessoas. “Os filhos não contam o que está acontecendo, mas os pais não percebem?! Ninguém está percebendo porque ninguém está vendo”.
Para diminuir a violência contra as crianças e contribuir para o desenvolvimento saudável da sociabilidade, os pais precisam saber lidar desde as primeiras cólicas do bebê até as artes e infrações cometidas pelos filhos. O pesquisador defende a necessidade de políticas públicas para dar suporte e orientação aos pais, com informação sobre o desenvolvimento infantil, para que eles compreendam a importância da qualidade da relação que estabelecem com os filhos.
O desenvolvimento da sociabilidade não termina em casa, o papel da escola é fundamental. No entanto, muitas instituições caem nesse limbo de responsabilidade, não assumem essa função para evitar confronto com os pais ou clientes. O pesquisador acredita que o atual modelo de educação, que privilegia o conteúdo, não contribui para uma cultura de paz. Ao contrário, fomenta a disputa e a competitividade, pois a criança ingressa na educação infantil com o vestibular como objetivo.
“A escola não assume a função de educar para a convivência coletiva, e quando assume, é no plano secundário. A educação é um terreno fértil para a mudança, para relativizar o que se aprende em casa, para criar empatia com o outro, se identificar com quem sofre, se solidarizar com quem é maltratado e discriminado”. Famílias e escolas precisam dialogar e juntas acolher as crianças para exercitar a paz.
Os pais têm entre os seus grandes desafios ensinar a criança a respeitar a diversidade para formar um cidadão preparado para o seu tempo, capaz de ter uma vida social saudável. Desde bem pequenas, as crianças precisam aprender a respeitar as diferenças e sentir que existe um espaço para a livre convivência entre todos. A educação, em casa e na escola, deve dar conta de colocá-las em contato com essa realidade.
Respeitando colegas gordinhos e magrelos, que gostam de correr e gritar ou que preferem ficar quietos, que gostam de jogar futebol ou preferem ler um livro, a criança desenvolve empatia, tolerância, solidariedade e a percepção ética que carregará pela vida toda, alimentando uma cultura de paz.
Vejo os casos de bullying pelo mundo afora e penso nos meus tempos de menina: uma verdadeira selvageria! Estudantes marcavam brigas na porta da escola e os bailinhos de garagem acabavam com os adolescentes embriagados de cuba-libre trocando socos e pontapés. Há 40 anos, os apelidos para desqualificar eram a coisa mais comum do mundo e ninguém parecia preocupado em mudar aquilo. Bastavam algumas sardas para virar o Ferrugem, um menino negro era chamado de Suco de Pneu e ninguém sabia o nome do amigo mudo, pois todos o conheciam como Mudinho.
Crianças e adolescentes repetiam com esses comportamentos a violência e os preconceitos que viam na família e em qualquer canto. Ninguém dava nome para a doença social e as cenas não iam parar na internet, mas o conflito estava lá, presente na infância e na adolescência. Não é isso o que queremos para os nossos filhos.
Para o pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) Renato Antonio Alves, o bullying mostra que precisamos de uma cultura de paz. Vivemos a falência do mundo adulto no aspecto social e do desenvolvimento humano. “É uma questão de valor. Para mudar a criança, tem de mudar o adulto. Estamos distantes ainda, mas, mais próximos do que estávamos há 30 ou 40 anos”.
Para o pesquisador, apesar de todos os problemas, no passado, os papéis eram mais definidos. Os cuidados da mãe e a autoridade do pai eram percebidos e respeitados pelas crianças, embora, muitas vezes, por força do autoritarismo. Mas, bem ou mal, elas tinham parâmetros de conduta. Ao contrário do que acontece com frequência hoje em dia, os pais assumiam a responsabilidade pela educação.
Agora, na avaliação de Renato, as crianças “vivem uma solidão atroz”, quando os pais – uns porque precisam, outros porque querem – ficam ausentes de casa o dia inteiro até à noite, deixando os filhos por conta deles mesmos, do irmão mais velho ou de outras pessoas. “Os filhos não contam o que está acontecendo, mas os pais não percebem?! Ninguém está percebendo porque ninguém está vendo”.
Para diminuir a violência contra as crianças e contribuir para o desenvolvimento saudável da sociabilidade, os pais precisam saber lidar desde as primeiras cólicas do bebê até as artes e infrações cometidas pelos filhos. O pesquisador defende a necessidade de políticas públicas para dar suporte e orientação aos pais, com informação sobre o desenvolvimento infantil, para que eles compreendam a importância da qualidade da relação que estabelecem com os filhos.
O desenvolvimento da sociabilidade não termina em casa, o papel da escola é fundamental. No entanto, muitas instituições caem nesse limbo de responsabilidade, não assumem essa função para evitar confronto com os pais ou clientes. O pesquisador acredita que o atual modelo de educação, que privilegia o conteúdo, não contribui para uma cultura de paz. Ao contrário, fomenta a disputa e a competitividade, pois a criança ingressa na educação infantil com o vestibular como objetivo.
“A escola não assume a função de educar para a convivência coletiva, e quando assume, é no plano secundário. A educação é um terreno fértil para a mudança, para relativizar o que se aprende em casa, para criar empatia com o outro, se identificar com quem sofre, se solidarizar com quem é maltratado e discriminado”. Famílias e escolas precisam dialogar e juntas acolher as crianças para exercitar a paz.
fonte: delas.ig.com.br
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