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Camila de Lira, iG São Paulo
A ironia, comum no linguajar dos adultos, parece ter adentrado o mundo das crianças, apontam pesquisas da Universidade de Montreal. De acordo com os psicólogos canadenses, crianças conseguem entender hipérboles – expressões exageradas, como “já falei isso mais de mil vezes!” – a partir dos 4 anos de idade. E são capazes de compreender bem o sarcasmo com 6 anos.
Estudos anteriores a esta pesquisa acreditavam que os pequenos entendiam este tipo de linguagem só depois dos 8 anos de idade. Silvia Amaral de Mello, psicopedagoga e coordenadora da Elipse Clínica Multidisciplinar, aposta que a exposição maior das crianças a este tipo de linguagem, ocorrida hoje em dia, é o fator responsável pelo “adiantamento”. “Antes as crianças eram mais segregadas e havia uma distinção do mundo adulto e do mundo da criança. Hoje em dia, essa divisão quase não existe. Elas vivem muito no mundo adulto – elas que estão se aproximando do mundo dos pais, e não o contrário”, diz.
A pesquisa, divulgada no British Journal of Developmental Psychology, foi feita com 39 famílias e contou com a ajuda dos pais. Além de analisar como as crianças entendem os quatro principais tipos de ironia – hipérbole, sarcasmo, eufemismo e perguntas retóricas – os pesquisadores também observaram como os pais a usam.
Eles explicam que pais e mães usam a ironia de forma diferente ao confrontar os filhos: elas preferem o uso de perguntas retóricas, aquelas que contêm em si a resposta – um exemplo comum é a mãe que, cansada de arrumar a bagunça do filho, pergunta “você pensa que eu sou sua escrava?”. Já os pais se valem mais do sarcasmo, a ironia expressa em uma zombaria exagerada.
Silvia Amaral acredita que o uso exagerado de ironias como o sarcasmo perto de crianças ou com relação a elas pode ser prejudicial. “Ter o costume de ironizar um sucesso ou um fracasso da criança pode não ser saudável. Esse tipo de linguagem acaba gerando crianças ferinas com relação aos seus colegas”, diz a psicopedagoga.
Os psicólogos canadenses concordam: no estudo, eles também alertaram os pais para que esse tipo de linguagem seja usado com moderação perto de crianças.
fonte: delas.ig.com.br
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