sábado, 21 de agosto de 2010

personagens do folclore brasileiro

Reprodução
O primeiro livro publicado por Monteiro Lobato foi uma série de relatos sobre o saci-pererê. A partir daí, o personagem acabou ganhando destaque na maioria de suas história
Um conjunto de coisas que o povo sabe, sem saber quem ensinou. Assim é o folclore, e assim são os mitos brasileiros. Todo mundo conhece - ou já ouviu falar - de saci, boitatá, curupira e mula-sem-cabeça. Mas se você perguntar quem criou esses mitos ninguém sabe dizer. Têm origem indígena. Ou africana. Ou portuguesa. Ou as três misturadas. As histórias foram passadas oralmente, de pai para filho desde o tempo do descobrimento - ou até antes dele, no caso dos índios - e foram sofrendo modificações ao longo dos anos.
Hoje, um mito nascido no Amazonas tem versões modificadas ou totalmente diferentes no Sudeste, no Sul e no Nordeste. Caso da Mãe d'Água, índia-sereia na região Amazônica, e sereia-branca na região do São Francisco. Ou da boitatá, cobra de fogo surgida da escuridão no Norte, e de comer olhos de bicho no Sul. O fato é que, não importa sua origem, as histórias desses seres fantásticos, com poderes sobrenaturais, continuam encantando crianças e adulto. Mesmo que sejam histórias profundamente moralistas, como a da mula-sem-cabeça, ou histórias só para assustar, como a do Mapinguari.

Mãe-d'água (Iara)
Se você estiver passeando no final da tarde pelas margens do Amazonas ou do São Francisco ou navegando nos rios e ouvir um canto delicioso, que o faz ter vontade de saltar na água, cuidado. Você pode estar sendo atraído pela Mãe d'Água. Se conseguir escapar ao afogamento, não escapará da loucura. Diz a lenda que a Mãe d'Água é a versão feminina do Boto, que também gosta de um arrasta-pé e de seduzir os homens em terra, com sua beleza e boa conversa, e na água, com seu canto maravilhoso. Para alguns, ela é uma índia de olhos verdes, cabelos negros lisos e longos, de uma beleza estonteante. Para outros, ela é branca e loura, de olhos claros e igualmente linda. 

© 2010 ComoTudoFunciona/Geisa C. Souza
A origem do mito varia do Amazonas para o São Francisco. Na região da Amazônia, a Mãe-d'Água é conhecida como Iara (do tupi uiara). Filha preferida de um pajé, que em tudo a elogiava, ela matou os dois irmãos invejosos que haviam tentado matá-la e, com medo de contar ao pai, fugiu. O pai então resolveu caçá-la e quando a capturou, jogou-a no encontro dos rios Solimões e Negro. Iara ressurgiu como sereia numa noite de lua cheia, encantando quem passasse com sua beleza e sua voz. Homens que escutam seu canto se apaixonam e se atiram no rio e, quando chegam ao fundo, são devorados por ela.
Na região do São Francisco, a Mãe d'Água é uma sereia nascida no rio. Ela aparece quando o rio dorme, todas as noites, à meia-noite. Durante dois ou três minutos, o velho Chico para de correr, as quedas d'água param, os peixes deitam-se no leito do rio e os afogados seguem para as estrelas. É quando a Mãe d'Água vem à tona, procurando um banco de areia ou uma canoa para pentear os longos cabelos, cantando uma música muito bonita e atraindo para as águas aqueles que se atrevem a incomodar o sono do rio nesse pequeno intervalo de tempo. Por isso, os barcos que têm de navegar na hora morta do rio, costumam colocar uma carranca na proa para afugentar a Mãe d'Água e escapar da sina do afogamento.
Mas se carrancas do São Francisco são capazes de afugentar a sereia brasileira, o mesmo efeito elas não têm sobre uma outra criatura do folclore brasileiro.

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