Convertendo-se ao abolicionismo
O jovem Joaquim Nabuco |
Todavia, o jovem Nabuco, eleito para o parlamento do Rio de Janeiro ainda não se sentira tocado pela grande causa até que lhe chegou ao conhecimento a situação dos escravos mantidos por uma empresa inglesa que atuava em Minas Gerais: a St. John Del Rey Mining Co, que explorava um veio no Morro Velho. Segundo fora apurado ela se comprometera em dar a manumissão aos negros após 14 anos de trabalho. O prazo já havia vencido sete anos antes, mas a mineradora continuava mantendo-os em cativeiro.
Para sorte de Nabuco, seu discurso chegou ao conhecimento da British Anti-Slavery Society, instituição filantrópica inglesa que existia desde 1823, e que fora refundada em 1839 para fiscalizar o cumprimento da Anti-Slavery Act, lei parlamentar de 1833 que proibira a continuidade da escravidão na maior parte do Império Britânico. Não tardou para que o parlamentar brasileiro recebesse uma efusiva carta de apoio do secretário da instituição Charles H. Allen, datada de 9 de janeiro de 1880. Correspondência que deu início a estreita relação que desde então se estabeleceu entre Nabuco e os abolicionistas britânicos.
Como resultado concreto daquela demonstração de simpatia, Nabuco (que viria a se tornar um dos maiores intelectuais brasileiros de todos os tempos) encorajou-se para fundar em 1880 algo equivalente no Brasil: a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, da qual se tornou presidente enquanto o famoso André Rebouças, outro militante abolicionista, assumiu-lhe a tesouraria.
Percebeu, talvez com mais profundidade do que a maioria dos outros militantes da causa, a necessidade de mobilizar a opinião publica internacional esclarecida para pelo menos constranger os que desejavam manter no Brasil as coisas como estavam, isto é, a elite política monárquico-escravagista que dominava a maioria das composições dos gabinetes governamentais durante o II Reinado.
A estratégia dos abolicionistas
Inserir o Brasil na civilização
Reunião da Anti-slavery soceity ( 1844) |
Era, acima de tudo, uma questão de inserção na civilização e para adentrar nas suas portas as nações adiantadas exigiam a decretação do fim da exploração servil. Por conseguinte, longe dele se ver como um traidor, um antipatriota, como os escravagistas o acusavam, ele se considerava o maior dos patriotas por querer elevar o patamar do Brasil à altura dos grandes países ocidentais.
O nacionalismo que muitos senhores de engenho e de terras de cafezais diziam defender na verdade era um localismo obscurantista, a negação teimosa deles em fazer parte de um mundo melhor, dominado pela liberdade e pelo trabalho assalariado.
Em estudo recentemente editado por Antônio Penalves Rocha ele demonstra que o envolvimento de Nabuco com a causa arrefeceu a partir de 1884 em razão da radicalização que o Movimento Abolicionista assumiu. A política de sistemática postergação adotada pelos políticos do império exasperava a juventude brasileira engajada como também os escalões da oficialidade de inclinação republicana. Nabuco, todavia, mantinha-se monarquista, acreditando poder convencer D.Pedro II a ser ‘ o nosso Lincoln’ e entrar na história como o emancipador dos escravos tal como se consagrara o presidente dos Estados Unidos com a aprovação da XIII Emenda, de 1863. Todavia, no dia em que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, no 13 de maio de 1888, Nabuco estava ao seu lado, crente que o gesto magnânimo salvava a monarquia. Na verdade, ao emancipar o braço negro, ela assinou a sentença de morte do trono visto que ele estava firmemente assentado sobre a escravidão.
Bibliografia
Bethell, Leslie - Murilo de Carvalho, José – Joaquim Nabuco e os abolicionistas britânicos. Rio de Janeiro: Topbooks, 2008.
Nabuco, Joaquim – Minha Formação. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1976.
Nabuco, Joaquim – O Abolicionismo.Brasília: UnB, 2003.
Rocha, Antônio Penalves – Abolicionistas ingleses e brasileiros. São Paulo: UNESP, 2009.
Salles, Ricardo – Nabuco, pensador do império. Rio de Janeiro: Topbooks, 2002.
fonte: http://educaterra.terra.com.br
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