Médicos explicam como o transtorno afeta meninos e meninas menores de 15 anos
Fernanda Aranda, iG São PauloObrigar o filho a comer alimentos que não conhece, sem estabelecer uma boa relação com a comida, pode ser o primeiro passo do transtorno alimenta
Os 25 quilos de um menino de 12 anos da Inglaterra – e a insistência do garoto em recusar qualquer alimento por medo de engordar- trouxeram à tona que a anorexia nervosa não é problema só do mundo da moda e das passarelas. O transtorno chegou às crianças, inclusive, aos meninos.
A imprensa britânica noticiou a batalha do menino Taylor Kerkham em conseguir encarar a comida não mais como algo negativo, prejudicial e tóxico e, sim, uma aliada do desenvolvimento. Para isso, foram necessários quatro meses de internação hospitalar e psicoterapia (ainda em curso). A mesma missão de recuperar a desnutrição grave dos pacientes infantis, impulsionada pela vontade das crianças de emagrecer a todo custo, é vivenciada por profissionais brasileiros.
“O gatilho que provoca a anorexia nervosa na mulher adulta é o mesmo identificado nos adolescentes e crianças, sejam meninos ou meninas”, afirma o psicólogo especializado em menores de 18 anos Raphael Cangelli Filho, que atua no Ambulatório de Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas de São Paulo(Ambulim). Lá, ele já atendeu meninos de 9, 11 e 15 anos. “Eles (adolescentes) são tão influenciados por esse padrão estético magro quanto os adultos. É uma preocupação intensa, como se a magreza resultasse em sucesso”, define.
À BBC de Londres, os familiares de Taylor Kerkham disseram que o transtorno da recusa de comida começou quando os colegas de escola “brincavam” e chamavam o garoto de “gordinho” por causa do seus 50 quilos da época (um pouco acima do indicado para a sua idade). Foi o suficiente para despertar uma doente insatisfação com a forma física.
No Brasil, pesquisa do IBGE, divulgada no fim do ano passado, mostrou que as estudantes brasileiras também correm perigo para tentar “ficar” feliz com o espelho. Em uma amostra de 61 mil estudantes, foi identificado que 4.270 delas forçavam o vômito ou tomavam remédios para emagrecer (principal sintoma da bulimia). Todas tinham menos de 17 anos.
Pesquisadores de Minas Gerais e de Florianópolis, em estudos publicados no Caderno de Saúde Pública, identificaram que os sintomas de anorexia em meninos e meninas em idade escolar (13 a 15 anos) atingia a marca de 15,8% entre as quase 3 mil pesquisadas.
Influência dos pais
Ao mesmo tempo em que o motivo para buscar a diminuição do peso pode ser o bullying e a pressão dos colegas de classe, conforme mostrou levantamento publicado na revista Pediatrics, Elaine Rocha de Pádua, nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - especializada em transtornos alimentares infantil - diz que as respostas para origem do problema com a comida pode estar na educação recebida pelos pais.
“Existe uma série de fatores que pode estar por trás da anorexia nervosa em meninos e meninas e um deles é a amamentação”, explica Elaine. “Se a mãe toda a vez que o filho chora dá o peito para ele, a criança cresce convicta de que só encontra conforto na comida. Isso pode torná-la, no futuro, uma comedora compulsiva e aproximar a bulimia ou a obesidade”, diz. “Da mesma forma, um período natural do desenvolvimento infantil é a chamada fobia alimentar. A criança (até os seis anos) tem medo de comer o que não conhece e forçá-la de forma abrupta a ingerir o alimento nessa fase pode resultar em transtorno alimentar futuro.”
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo, recém divulgada, sugeriu mesmo que a anorexia pode ser hereditária. Para sustentar isso, o estudo mostrou que as mães de meninas anoréxicas, em geral, ou falavam muito de forma física ou obrigavam as meninas quando a crianças “a rasparem o prato” ou só brincarem depois de “comer tudo” ou ainda sofreram do transtorno quando mais jovens.
Elaine, da Unifesp, e Raphael Cangelli Filho, do Hospital das Clínicas, ressaltam que todas essas características fazem com que a cura para os transtornos alimentares na infância exija, necessariamente, a participação ativa dos pais no tratamento. Existem casos que a anorexia pode indicar mais do que uma insatisfação com o corpo, mas algum problema sério como violência física, sexual ou psicológica.
Prestar atenção como o seu filho se relaciona como a comida, afirmam os especialistas, é a maneira mais fácil de reconhecer problemas e fazer intervenções rápidas. Depois de instalada, a anorexia tem de ser acompanhada pelos médicos para o resto da vida.
fonte: delas.ig.com.br
À BBC de Londres, os familiares de Taylor Kerkham disseram que o transtorno da recusa de comida começou quando os colegas de escola “brincavam” e chamavam o garoto de “gordinho” por causa do seus 50 quilos da época (um pouco acima do indicado para a sua idade). Foi o suficiente para despertar uma doente insatisfação com a forma física.
No Brasil, pesquisa do IBGE, divulgada no fim do ano passado, mostrou que as estudantes brasileiras também correm perigo para tentar “ficar” feliz com o espelho. Em uma amostra de 61 mil estudantes, foi identificado que 4.270 delas forçavam o vômito ou tomavam remédios para emagrecer (principal sintoma da bulimia). Todas tinham menos de 17 anos.
Pesquisadores de Minas Gerais e de Florianópolis, em estudos publicados no Caderno de Saúde Pública, identificaram que os sintomas de anorexia em meninos e meninas em idade escolar (13 a 15 anos) atingia a marca de 15,8% entre as quase 3 mil pesquisadas.
Influência dos pais
Ao mesmo tempo em que o motivo para buscar a diminuição do peso pode ser o bullying e a pressão dos colegas de classe, conforme mostrou levantamento publicado na revista Pediatrics, Elaine Rocha de Pádua, nutricionista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - especializada em transtornos alimentares infantil - diz que as respostas para origem do problema com a comida pode estar na educação recebida pelos pais.
“Existe uma série de fatores que pode estar por trás da anorexia nervosa em meninos e meninas e um deles é a amamentação”, explica Elaine. “Se a mãe toda a vez que o filho chora dá o peito para ele, a criança cresce convicta de que só encontra conforto na comida. Isso pode torná-la, no futuro, uma comedora compulsiva e aproximar a bulimia ou a obesidade”, diz. “Da mesma forma, um período natural do desenvolvimento infantil é a chamada fobia alimentar. A criança (até os seis anos) tem medo de comer o que não conhece e forçá-la de forma abrupta a ingerir o alimento nessa fase pode resultar em transtorno alimentar futuro.”
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo, recém divulgada, sugeriu mesmo que a anorexia pode ser hereditária. Para sustentar isso, o estudo mostrou que as mães de meninas anoréxicas, em geral, ou falavam muito de forma física ou obrigavam as meninas quando a crianças “a rasparem o prato” ou só brincarem depois de “comer tudo” ou ainda sofreram do transtorno quando mais jovens.
Elaine, da Unifesp, e Raphael Cangelli Filho, do Hospital das Clínicas, ressaltam que todas essas características fazem com que a cura para os transtornos alimentares na infância exija, necessariamente, a participação ativa dos pais no tratamento. Existem casos que a anorexia pode indicar mais do que uma insatisfação com o corpo, mas algum problema sério como violência física, sexual ou psicológica.
Prestar atenção como o seu filho se relaciona como a comida, afirmam os especialistas, é a maneira mais fácil de reconhecer problemas e fazer intervenções rápidas. Depois de instalada, a anorexia tem de ser acompanhada pelos médicos para o resto da vida.
fonte: delas.ig.com.br
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