Ele é considerado o fundador da Antropologia Estruturalista.
Entre 1935 e 1939, lecionou sociologia na USP.
Foi anunciada nesta terça-feira (3) a morte do antropólogo Claude Lévi-Strauss. A informação é da editora do intelectual, pela qual o falecimento teria ocorrido entre sábado e domingo. Criado em Paris, ele nasceu em Bruxelas em 28 de novembro de 1908. Fundador da Antropologia Estruturalista, é considerado um dos intelectuais mais relevantes do século 20.
Membro de uma família judia francesa intelectual, Lévi-Strauss estudou Direito e Filosofia na Sorbonne, em Paris. Lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo (USP), de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central.
Ali passou breves períodos entre os índios bororós, nambikwaras e tupis-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional de antropologia.
Saiba quem foi Claude Lévi-Strauss
Claude Lévi-Strauss, morto no último sábado (1º), aos 100 anos de idade, foi um dos intelectuais mais relevantes do século XX. Destacado antropólogo, ele é considerado o pai do enfoque estruturalista, que influiu de maneira decisiva na filosofia, na sociologia, na história e na teoria literária. Poucos pensadores foram tão longe quanto Lévi-Strauss na exploração dos mecanismos ocultos da cultura, segundo o obituário publicado nesta terça-feira (3) no jornal francês "Le Monde".
"Por vias diversas e convergentes, ele se esforçou para compreender a grande máquina simbólica que reúne todos os planos da vida humana, da família às crenças religiosas, das obras de arte às maneiras à mesa", diz o principal diário do país.
Considerado um precursor da ecologia, segundo o jornal "Le Figaro", Lévi-Strauss escrevia de forma admirável sobre o funcionamento da sociedade. Autor de “Tristes Trópicos”, considerada um das mais importantes livros de não-ficção do século passado, ele viveu no Brasil nos anos 1930, e atuou como professor visitante na Universidade de São Paulo (USP). Na obra, ele narra seu encontro com índios no Mato Grosso e na Amazônia, fruto de expedições realizadas enquanto viveu no país.
"Gigante do pensamento francês", segundo a revista "Nouvel Observateur", Lévi-Strauss era conhecido em todo o mundo como o mestre da antropologia moderna. "Filosofo de formação, este pioneiro do estruturalismo viajou o mundo para estudar os mitos”, diz a publicação na internet.
Centenário e lúcido
Ao completar 100 anos de vida, em 28 de novembro de 2008, reportagens nas principais agências de notícias do planeta relatavam que apesar de sua longevidade e intensa atividade intelectual desde antes da 2ª Guerra Mundial, Lévi-Strauss, membro da Academia da França desde 1973, gozava de boa saúde e se mantinha lúcido.
Francês, ainda que nascido em Bruxelas (Bélgica) em 28 de novembro de 1908, este humanista era filho de um judeu agnóstico de origem alsaciana que o educou em um ambiente artístico, embora tenha terminado cursando Direito e Filosofia na Sorbonne de Paris. Autor também de "Mitologias", lecionou como professor desta última disciplina até receber um convite de Marcel Mauss, pai da etnologia francesa, para ingressar no recém-criado departamento de etnografia.
Foi assim que despertou em Lévi-Strauss a curiosidade por um campo do conhecimento no qual desenvolveria uma brilhante carreira e que lhe concedeu um "lugar proeminente entre os pesquisadores do século 20", explicou à Agência Efe o professor de Antropologia Social da Universidade Complutense de Madri Rafael Díaz Maderuelo.
Na Amazônia foto índios nambikwaras |
Ali teve estadias esporádicas entre os índios bororós, nambikwaras e tupis-kawahib, experiências que o orientaram definitivamente como profissional de antropologia, campo no qual seu trabalho ainda hoje "continua sendo válido para a maioria dos antropólogos", declarou Díaz Maderuelo sobre o autor de "O Pensamento Selvagem".
Após retornar à França, em 1942, mudou-se para os Estados Unidos como professor visitante na New School for Social Research, de Nova York, antes de uma breve passagem pela embaixada francesa em Washington como adido cultural.
Novamente em Paris, foi nomeado diretor associado do Museu do Homem e se tornou depois diretor de estudos na École Pratique des Hautes Études, entre 1950 e 1974, trabalho que combinou com seu ensino de antropologia social no Collège de France, até sua aposentadoria em 1982, quando dirigia o Laboratório de Antropologia Social.
Discípulo intelectual de Émile Durkheim e de Marcel Mauss, além de interessado pela obra de Karl Marx, pela psicanálise de Sigmund Freud, pela linguística de Ferdinand Saussure e Roman Jakobson, pelo formalismo de Vladimir Propp etc., era ainda um apaixonado por música, geologia, botânica e astronomia.
Três contribuições
As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumidas em três grandes temas: a teoria das estruturas elementares do parentesco, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos.
A teoria das estruturas elementares defende que o parentesco tem mais relação com a aliança entre duas famílias por casamento respectivo entre seus membros que, como sustentavam alguns antropólogos britânicos, com a ascendência de um antepassado comum.
Para Lévi-Strauss, não existe uma "diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado", declarou Díaz Maderuelo, pois a mente humana "organiza o conhecimento em processos binários e opostos que se organizam de acordo com a lógica" e "tanto o mito como a ciência estão estruturados por pares de opostos relacionados logicamente".
Compartilham, portanto, a mesma estrutura, só que aplicada a diferentes coisas.
A respeito dos mitos, o intelectual sustenta, desde a reflexão sobre o tabu do incesto, que o impulso sexual pode ser regulado graças à cultura. "O homem não mantém relações indiscriminadas, mas as pensa previamente para distinguir-las. Desde este momento perdeu sua natureza animal e se transformou em um ser cultural", comentou Díaz Maderuelo.
Para Lévi-Strauss, as estruturas não são realidades concretas, estando mais próximas a modelos cognitivos da realidade que servem ao homem em sua vida cotidiana.
As regras pelas quais as unidades da cultura se combinam não são produto da invenção humana e a passagem do animal natural ao animal cultural - através da aquisição da linguagem, da preparação dos alimentos, da formação de relações sociais, etc - segue leis já determinadas por sua estrutura biológica.
fonte: http://g1.globo.com
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