terça-feira, 20 de outubro de 2009

61ª Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento editorial do mundo

MARCOS STRECKER

 


da Folha de S.Paulo, enviado especial a Frankfurt 

Por mais que os organizadores tentem aparentar normalidade, é senso comum que a 61ª Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento editorial do mundo, está mais econômica e modesta por conta dos efeitos da crise. As delegações internacionais estão enxutas, a oferta de títulos para editores diminuiu e o circuito "social" encolheu. Michael Probst/AP

Funcionária ajeita uma "parede" de livros durante a Feira do Livro de Frankfurt


Os dados oficiais indicam retração modesta. O número total de exibidores praticamente se manteve (7.314 em 2009, contra 7.373 em 2008), com o mesmo número de países participantes (cem). Mas as cifras não refletem o dia a dia dos negócios entre editoras, agentes e escritores. É voz corrente que a cautela dá o tom dos negócios. 

Isso se reflete também na venda de títulos para editoras brasileiras, ainda que o otimismo com a recuperação do mercado nacional seja bem maior do que nos EUA e na Europa. 

Segundo Roberto Feith, da Objetiva, com a retração vão sofrer mais os títulos "midlist", aqueles que vendem bem, "mas não o suficiente para fazer o ano de uma editora". Para ele, as editoras europeias tendem a reduzir lançamentos. Luciana Villas-Boas, diretora-editorial da Record, concorda que os títulos intermediários serão os mais afetados. Isso compreende obras de não ficção e literatura de qualidade. 

Entre os best-sellers, no entanto, o mercado continua aquecido. O "título da feira", que está causando frisson em Frankfurt, é a coletânea de diários, notas e cartas de Nelson Mandela. Trata-se de uma edição, ainda em preparação, que inclui toda a memória pessoal do líder antiapartheid. 

Michael Jackson
Outro título que está sendo muito comentado é uma "graphic novel" (história em quadrinhos de luxo) de Michael Jackson, que o astro pop teria escrito com Gotham Chopra (filho do autor de autoajuda Deepak Chopra), com ilustrações de Mukesh Singh. Intitulado "Faith", teria como personagem um ícone pop chamado Gabriel Star e deve ser lançado nos EUA em junho de 2010. 

Antes da feira, a editora portuguesa Leya, que acaba de estrear no Brasil, já havia comprado em leilão "The Shadow Effect", de Deepak Chopra, por US$ 100 mil. Para Paulo Rocco, da editora Rocco, a disputa pelos best-sellers continua, ainda que a média dos preços negociados tenha caído. 

O livro de Mandela já provoca corrida entre editores brasileiros, que tiveram nos últimos meses disputas ousadas por best-sellers. O maior exemplo é o leilão que movimentou as editoras na semana passada, a trilogia "A Discovery of Witches" (uma descoberta de feiticeiras), de Deborah Harkness, que deve sair em 2011. 

A Rocco venceu a disputa e pagou cerca de US$ 165 mil pelos direitos de publicação do primeiro volume. É uma cifra elevada, mesmo comparando com o US$ 1 milhão negociado para o mercado americano. A história: professora descobre um manuscrito de alquimia, vira feiticeira e tem romance com vampiro de 1.500 anos. 

A Câmara Brasileira do Livro, que tem um stand em Frankfurt, fechou com a feira uma parceria para a realização de um encontro internacional em São Paulo, em março de 2010, para debater novas tecnologias. O evento será simultâneo ao 36º Encontro Nacional de Editores e Livreiros.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada 

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