domingo, 21 de junho de 2009

Lenda da Vitória Régia

Há muitos anos, às margens do majestoso Rio Amazonas, as jovens e belas índias de uma tribo, se reuniam para cantar e sonhar seus sonhos de amor.

Elas ficavam por longas horas admirando a beleza da lua branca e o mistério das estrelas sonhando um dia ser uma delas.

Enquanto o aroma da noite tropical enfeitava seus sonhos, a lua deitava sua luz intensa nas águas, fazendo Naia, a mais jovem e mais sonhadora de todas, subir numa árvore alta para tentar tocá-la, mas ela não obteve êxito.

No dia seguinte, ela e suas amigas subiram as montanhas distantes para sentir com suas mãos a maciez aveludada da lua, mas novamente elas falharam. Quando lá chegavam, a lua estava tão alta que retornaram à aldeia desapontadas.

Elas acreditaram que se pudessem tocar a lua, ou mesmo as estrelas, elas se transformariam em uma delas.

Na noite seguinte, Naia deixou a aldeia esperando realizar seu sonho. Ela tomou o caminho do rio para encontrar a lua nas negras águas.

No alto, imensa, resplandescente, a lua descansava calmamente refletindo sua imagem na superfície da água.

Naia, em sua inocência, pensou que a lua tinha vindo se banhar no rio e permitir que fosse tocada e então mergulhou nas profundezas das águas desaparecendo para sempre.

A lua, sentindo pena daquela tão jovem vida perdida, transformou Naia em uma flor gigante - a Vitória Régia - com seu inebriante perfume e pétalas que se abrem nas águas para receber em toda sua superfície, a luz da lua.

fonte http://portalamazonia.globo.com

Conheça mais sobre a Vitória-Régia.

A Vitória-Régia ama as enchentes e as inundações. Á medida que as águas vão subindo, com elas vão crescendo os longuíssimos pecíolos, que, às vezes, atingem cinco metros de comprimento. Enquanto pequenos, esses pecíolos trazem nas suas extremidades superiores folhas em formas de setas, as quais se vão tornando cada vez mais oblongas até tomarem a face de uma enorme bandeja, quando as águas estiverem na plenitude da cheia. Algumas folhas chegam a cobrir mais de três metros quadrados de superfície azul ou esverdeada das águas onde vicejam.

Os maguaris, as garças e mil outras aves passeiam sobre as lagoas, em todas suas áreas, pisando nas largas lajes

vegetais que coalham sua superfície e respiram a fragrância que se desprende das belíssimas flores que embalsamam e o ambiente com um aroma divinal.

Sua flor, chega a ter, em sua plenitude, até quarenta centímetros de diâmetro, e sua cor varia do branco ao carmim, exalando sempre o mesmo perfume incomparável. A época de floração é em janeiro e em fevereiro.

A raiz da Vitória-Régia é um tubérculo parecido com o do inhame, ao qual os indígenas dão o nome de "forno d'água", em função da sua forma ser semelhante a um tacho de torrar farinha. Esses feculentos tubérculos são grandemente apreciados pelos índios, como pelos habitantes ribeirinhos.

Se o nível das águas permanecer alto, estas belas ninfas aquáticas vivem cerca de dois anos. Se porém, as águas descerem, a Vitória-Régia vai definhando, como se a ela faltasse o alimento principal para viver, para o híbrido elemento é o nosso ar.

Em agosto, já se pode apreciar suas gordas cápsulas repletas de sementes que vão se depositando no lodo do fundo. Enterram-se na lama diluída que se endurece totalmente, assim que recebe diretamente a ação vivificante dos raios solares.

Encontram nas sementes, os homens e as aves, um delicioso alimento, esgravatando a terra onde se encontram sepultadas. Na procura desse extraordinário "irupé", o milho da água dos indígenas, agrupam-se garridos bandos de pássaros, exibindo-nos grandioso espetáculo. Com suas ricas e exóticas roupagens de plumas substituem, naquele cenário encantador, os largos mantos verdes enfeitados de flores das vitórias-régias. Esses pássaros levam consigo as sementes e deixam-nas em algum lugar. As águas arrastam também uma quantidade incontável de grãos. é deste modo que se propaga a existência da Vitória-Régia que é encontrada, desde os mananciais dos afluentes da esquerda do rio Amazonas, até os baixos tributários do Paraná e do Paraguai. Designam os botânicos essa dispersão provocada pelos pássaros de "florula ornitocórea" e de "hidrocórea", a produzida pela torrente.

A "Deusa Vegetal" dos lagos e rios, era conhecida dos guaranis que a chamavam de "irupé", outros indígenas tratavam-na de "iapucacaa". Seu nome, como conhecemos hoje, é devido à um botânico inglês, que maravilhado com e exuberância da planta, deu-lhe o nome da Rainha Vitória do Reino Unido.

A Vitória-Régia é conhecida também como "Estrela da Água", porque sua flor desabrocha completamente por volta da meia-noite, para submergir depois, quando fechada. Na manhã seguinte ela aparece e abrindo lentamente as pétalas, exala o mesmo perfume e irradia a mesma beleza.

Estrela das águas, poema triunfal de cor e perfume,

Que cantará eternamente em nossa flora.

Todas as noites desnuda-se,

Arrumando jeitosamente as esvoaçantes e longas pétalas.

Para receber no tálamo das águas mansas,

Os beijos apaixonados das noites de luar.

Um comentário:

Clarissa disse...

Linda história! A beleza da vitória-regia dá margem à imaginação.
Um abraço, Clarissa